Utilizando as palavras de Juscelino Kubitschek estes 2 anos de pandemia deram um salto de 20 anos nas relações do trabalho. O que esperar do futuro?
Nos últimos dois anos, o mundo se viu paralisado por causa de um vírus que afetou de sobremaneira as relações do trabalho.
Hoje estamos em um momento em que já é possível retornar a uma rotina controlada, mas todos se perguntam: é necessário voltar àquele momento pré-pandêmico? Nós somos os mesmos?
Provamos que com uma boa conexão de internet é possível trabalhar de qualquer lugar do mundo (“anywhere office”) e as leis, aos poucos, estão se adaptando a esta nova realidade ou “novo normal” como alguns preferem colocar.
Se antes era difícil visualizar como controlar ou realizar o trabalho remotamente, hoje existem normas que regulamentam o registro de jornada por aplicativo e, o que se espera em poucos anos é uma maior flexibilidade não só nas rotinas, mas também nas leis que regulamentam as relações do trabalho.
De fato, se pensarmos nas alterações trazidas pelas leis e jurisprudência trabalhistas nos últimos anos, vemos que houve a necessidade de adequação às novas tendências, deixando claro que este processo tem sido cada vez mais rápido. Mas, ainda existem muitas lacunas.
Hoje se busca um RH humanizado, que analise o empregado tanto do ponto de vista físico como emocional e com foco no bem-estar: mais do que presença, o que se quer é qualidade na entrega e um empregado saudável.
Doenças relacionadas com o comportamento e a pressão pela entrega, como a Síndrome de Burnout, passaram a fazer parte da rotina dos atestados apresentados e os limites entre o que é pessoal e o que é profissional foram alterados.
Tivemos que levar nossos trabalhos para casa e este retorno presencial acaba sendo afetado por este “novo mundo” apresentado repentinamente aos trabalhadores que questionam a forma em que se está dando esta volta.
Nas indústrias que não conseguiram parar devido à impossibilidade do trabalho remoto, a preocupação com a saúde mental passou a fazer parte do dia a dia e as empresas investiram para cuidar da higiene mental de seus colaboradores: a depressão, o transtorno do pânico, a ansiedade e até a Síndrome de Burnout podem estar relacionadas com o trabalho, dando ao empregado doente estabilidade de um ano após o afastamento previdenciário.
No futuro, aquelas empresas que não olharem para a saúde mental de seus empregados podem sofrer com os afastamentos, “limbo previdenciário” (pois é comum o INSS não conceder benefícios decorrentes de doenças mentais pela dificuldade de comprovação) e com a estabilidade que engessa o poder de gestão do empregador.
Um fato interessante é que estes novos sistemas afetaram e afetam todas as camadas sociais em todos os níveis de poderes, idades, profissões. A tendência é um equilíbrio e adaptação visando a melhoria de dois fatores: tempo e saúde.
Se acredita em um futuro em que as fronteiras que hoje limitam as relações do trabalho sejam repensadas adaptando a legislação existente às situações atuais: conceitos como trabalho insalubre ou noturno no ambiente de trabalho virtual serão revisitados aparecendo, talvez, novos agentes que afetam a qualidade do trabalho.
O próprio conceito do trabalho será novamente repensado.
Nestes últimos anos, se passou a utilizar mais este ambiente tão utópico chamado “nuvem” e hoje várias empresas investem em novas tecnologias e sua respectiva segurança para dar ao trabalho uma versão atualizada neste mundo pós COVID-19.
Relações mais tecnológicas
A questão da cibersegurança passou a ser um dos pilares das empresas que tiveram que se adaptar às novas relações trazidas pela LGPD e pelo e-Social, por exemplo, que passaram a exigir de todas as empresas as questões relacionadas com a SST.
A tecnologia também trouxe a necessidade novas profissões se tornando a nova “menina dos olhos” das empresas que se digladiam em busca destes ainda escassos profissionais.
O arquivo que era confidencial e ficava trancado em cofres, hoje passou a ser compartilhado no ambiente virtual com acesso rígido a depender não de chaves mas de acesso através de códigos e senhas.
Se antes havia uma necessidade de contato físico, hoje as reuniões podem ser realizadas on-line, em ambientes virtuais e até com qualquer pano de fundo que não representam a realidade do local em que a pessoa se encontra.
A habilidade tecnológica também passou a ser uma das aptidões que mais desenvolvemos: quem antes tinha um celular apenas para realizar ligações passou a compreender que este pequeno aparelho pode se transformar em um sem-número de possibilidades: banco, supermercado, ambiente de trabalho, local de reunião ou de estudos, porta-documentos e até televisão ou jornal.
E as novas empresas, como vão pensar as relações de trabalho?
Algumas empresas ganharam na pandemia sua fatia no mercado: Um dado interessante vem do crescimento das startups. De acordo com a Associação Brasileira de Startups, de 2015 até 2019, o número saltou de uma média de 4.100 para 12.700 startups criadas, representando um aumento de 207%. Hoje, o país tem 14.065 startups distribuídas em 78 comunidades e 710 cidades brasileiras.
O que o futuro nos espera no mundo laboral ainda é difícil de prever. Mas, o que podemos esperar é avanços exponenciais .
Fato é que hoje as empresas já repensam os custos com espaços grandes e refazem as políticas de benefícios, afinal conseguiram se adaptar ao trabalho remoto.
A lei, em compasso mais lento, ainda não flexibilizou as regras, o que faz com que as ações proativas sejam ao mesmo tempo arriscadas do ponto de vista jurídico.
Com tantas mudanças em um curto espaço de tempo, cabe a todos nós olhar para nosso ambiente particular e equilibrar o que os trabalhadores querem com o que a legislação permite.
Essa tem sido a prática que nós da área trabalhista do Duarte Tonetti Advogados temos acompanhado o mercado aplicar com sucesso.
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