O avanço da regulamentação da Reforma Tributária no Congresso acendeu um sinal de alerta importante para o mercado. As empresas precisarão ir além da adequação contábil. Será preciso repensar toda a jornada de compra, desde o preço na vitrine até a experiência no pós-venda.
O que está mudando?
A proposta de regulamentação, entregue ao Legislativo em abril, já prevê regimes diferenciados para setores como saúde, educação e combustíveis. Mas enquanto os holofotes se voltam para esses setores, uma transformação silenciosa e igualmente urgente começa a ganhar força: a necessidade de adaptar a comunicação de preços em todos os canais de venda, principalmente no varejo físico e no e-commerce.
Estamos falando de uma revisão completa de etiquetas, cardápios, anúncios digitais, sistemas de checkout, contratos e até treinamentos de equipe.
O desafio não é apenas jurídico ou fiscal. Está em jogo a relação com o consumidor e a reputação da sua marca.
O risco de não se adequar?
Com a nova lógica de tributação “por fora”, onde os impostos aparecem destacados ao cliente, uma comunicação mal conduzida pode gerar confusão, sensação de aumento de preços e até boicotes nas redes sociais.
Veja alguns riscos
-Multas por descumprimento do Código de Defesa do Consumidor
-Ações judiciais por publicidade enganosa
-Reclamações em massa por falta de clareza nos preços
-Perda de confiança e credibilidade junto ao público
Mais do que nunca, Jurídico, Marketing, Comercial e Atendimento precisam atuar de forma integrada. A transparência tributária, além de exigência legal, pode ser um diferencial competitivo.
Veja 5 ações práticas que sua empresa deve colocar no radar:
- Atualização de etiquetas, cardápios e vitrines
Com o novo modelo de IVA dual, que destaca os tributos de forma separada, será necessário revisar todos os canais onde o preço é apresentado ao consumidor. Isso inclui:
- Etiquetas de produtos físicos em loja;
- Tabelas e cardápios em restaurantes;
- Expositores em vitrines e displays promocionais.
Empresas que não fizerem essa atualização podem infringir o Código de Defesa do Consumidor, que exige informações claras e ostensivas sobre preços e encargos.
- Adequação dos sistemas digitais e de e-commerce
Plataformas de vendas online, aplicativos, marketplaces e gateways de pagamento também precisarão refletir a nova estrutura tributária. Isso envolve:
- Reconfiguração de sistemas ERP e PDV;
- Ajuste nos layouts de apresentação de preços;
- Inclusão de campos que detalham tributos no checkout.
A transparência digital será um fator decisivo para a experiência do usuário e a confiança na marca.
- Integração entre jurídico, marketing e comercial
Não basta que a área jurídica entenda a Reforma. A comunicação com o cliente deve ser clara e juridicamente segura, o que exige:
- Redesenho de campanhas promocionais e anúncios publicitários;
- Participação do jurídico na construção das mensagens de preço;
- Acompanhamento próximo do comercial e de quem atua na ponta.
Essas áreas precisam trabalhar em sintonia. Só assim será possível alinhar a estratégia de comunicação às novas exigências legais e evitar práticas consideradas abusivas.
- Treinamento das equipes de atendimento
A mudança no modelo de tributação certamente gerará dúvidas por parte dos consumidores. Por isso, vendedores, operadores de caixa, atendentes e até chatbots devem estar preparados para:
- Explicar de forma didática os novos preços;
- Responder perguntas sobre os impostos incidentes;
- Direcionar o consumidor corretamente em caso de divergência.
A capacitação da equipe é também uma estratégia de mitigação de riscos jurídicos.
- Campanhas de comunicação educativa
Além da obrigação legal, há uma oportunidade de diferenciação: marcas que investirem em comunicação clara e educativa sobre os preços podem:
- Ganhar a confiança do consumidor;
- Reforçar seu posicionamento ético e transparente;
- Reduzir conflitos e insatisfação no atendimento.
Materiais como FAQs, posts explicativos, vídeos curtos e informativos nos pontos de venda ajudam a posicionar a empresa como aliada do consumidor num momento de mudança estrutural.
Oportunidade ou Risco: é o empresário que escolhe
A transparência tributária passará a ser uma exigência legal, mas pode se tornar também um diferencial competitivo.
Empresas que se anteciparem, treinarem seus times e comunicarem de forma clara e estratégica os impactos da Reforma Tributária, não apenas evitarão problemas legais, como também podem fortalecer a confiança e a fidelidade dos seus clientes.